Real e presente. Inevitável e inquestionável. Essa saga será de todos nós. Aos poucos, perceberemos. E por que a vida tem tanto sofrimento? A resposta dessa questão foi material de trabalho de muitos filósofos. Eles se debruçaram sobre o homem e a sua existência. Eles buscavam entender essa ontologia e a antropologia filosófica do existir. Se vocês pararem para pensar, há um ato muito presente na vida – o ato de querer. Sempre queremos. Constantemente e recorrentemente buscamos um querer. E o que seria esse querer? Seria o tudo e, ao mesmo tempo, o nada. Explico. Querer vincula o perder e o frustrar. Não somos autossuficientes e, portanto, nunca satisfeitos estaremos. Sendo assim, ao alcançar um objeto, querido no outrora, passaremos, rapidamente, a querer mais outras coisas. Ao final, nunca nos pacificamos e vivemos a desejar de forma intranquila. Percebam, então, que o viver casa com o querer e este, por fim, nos faz sofrer. Se existimos aplicando em todos os momentos o querer, temos uma existência marcada pelo sofrimento. E como dito por Schopenhauer, se você se percebe um ser elevado, você terá um sofrimento proporcionalmente maior. Desse modo, a ataraxia e a aponia epicurista não é um ato tão pragmático, visto que, acordamos querendo algo e dormimos também querendo alguma coisa que talvez seja diferente daquilo que saltou à cabeça quando abrimos os olhos logo cedo. Mas, geralmente, a diferença entre os dois objetos se dá por que o querer do 1º objeto já foi saciado. Posto isso, para muitos filósofos, toda a existência é permeada e retocada pela dor.
Régis Barros